domingo, 30 de junho de 2013

O amor respira-te


O amor respira-te. O amor sufoca-te. O amor é um sucesso. E um fracasso. Uma obsessão. Uma doença. O rasto de um cometa. Um buraco negro. Uma estrela. Um dia azul. Um dia de paz. ~Joaquim Pessoa

sábado, 29 de junho de 2013

Encontros improváveis - Antoine Saint-Exupéry e Tarsila do Amaral

Tarsila do Amaral - "Operários"

"Ser Homem é precisamente seres responsável.
É sentires vergonha diante da miséria,
mesmo quando ela não parece ter qualquer relação contigo.
É teres orgulho de uma vitória dos companheiros.
É sentires, ao colocares a tua pedra,...
que estás a contribuir para a construção do mundo."
~ Saint-Exupéry (29 de Junho, 1990 - 31 Julho 1944), Terra dos Homens

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sexta-feira, 28 de junho de 2013

Carta pela Compaixão Universal - Por Uma Nova Civilização

Charter for Compassion



There is an urgent need for a new focus on compassion.Bringing together voices from all cultures and religions, the Charter seeks to remind the world we already share the core principles of compassion.On November 12, thousands of people across the globe will listen together.Participate and engage with the Charter now
Director: Gilly Barnes; Music: Fredo Viola; Additional Footage: Peter Roger
 
A professora e pensadora Karen Armstrong lançou em 2009 a Carta pela Compaixão, que teve grande repercussão, colheu muitos apoios e patrocínios institucionais e estatais, foi assinada por celebridades e pelos principais líderes religiosos mundiais e deu lugar a muitas acções pedagógicas (assine e divulgue)

Com todo o seu imenso mérito, cremos todavia que a Carta pela Compaixão se limita aos seres humanos, não tendo em conta o imperativo que conduziu ao próprio reconhecimento de direitos iguais para todos os seres humanos: expandir a consideração ética a todos aqueles que sejam portadores de uma mesma natureza fundamental, para lá das afinidades e interesses limitados aos grupos familiares, tribais, nacionais, étnicos, culturais, políticos, económicos e religiosos. Como a ciência hoje inequivocamente reconhece , os animais não-humanos, sendo capazes de experimentar a dor e o prazer psicofisiológicos e emoções como a alegria, o sofrimento, o medo e a angústia, têm também uma natureza consciente e senciente, e logo interesses fundamentais na preservação da sua vida, integridade física, bem-estar e habitat natural, devendo portanto ser alvo de consideração e respeito pelos sujeitos racionais e éticos que são os humanos. Por este motivo, propomos aqui uma mais abrangente Carta pela Compaixão Universal, que assume também o valor intrínseco e não meramente instrumental do mundo natural. Assumimos esta Carta pela Compaixão Universal como bússola orientadora das nossas vidas e exortamos a que todos o façam, divulgando-a por todos os meios, em prol de uma urgente mudança da civilização.

1. As tradições espirituais, culturais e religiosas, a ciência contemporânea e a nossa sensibilidade reconhecem que todos os seres e ecossistemas são interdependentes na grande unidade diferenciada da vida. Não podemos separar a preservação e o bem de uns da preservação e do bem de todos. Conscientes disto e da natureza comum dos animais humanos e não-humanos, no que respeita à senciência e aos interesses fundamentais, sentimo-nos crescentemente movidos pelo amor e compaixão universais, ou seja, pela aspiração activa a que todos os seres dotados de consciência e senciência sejam felizes e estejam livres de todo o sofrimento que pudermos evitar. Conscientes da existência, das necessidades e dos interesses dos outros, assumimos a regra de ouro de toda a ética: não lhes fazer o que não gostaríamos que nos fizessem e contribuir para o seu bem, tal como gostaríamos que connosco próprios agissem. Comprometemo-nos a nunca esquecer que, além dos laços familiares e das afinidades mais imediatas, todos os seres são companheiros e parentes próximos na grande aventura da existência e da vida. 

Se concordas com os princípios desta Carta, assina-a e divulga-a por todos os meios, traduzindo-a para a tua língua, partilhando-a por correio electrónico e pelas redes sociais, imprimindo-a e afixando-a na tua escola, local de trabalho ou noutros espaços públicos. Organiza também grupos de reflexão e sessões para a sua leitura e debate. Todos necessitamos de todos para a urgente mudança global. O bem do planeta e dos seres não pode esperar mais. Sê desde já a diferença que queres ver no mundo. 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Encontros Improváveis- Cristi Galván e Fernando Pessoa (Alberto Caeiro)


Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios.
Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos...
Não concordo comigo mas absolvo-me,
Porque só sou essa coisa séria, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXXI"


quarta-feira, 26 de junho de 2013

Of Books and the Stars ~ Walt Whitman


This is thy hour 
O Soul, thy free flight into the wordless, 
Away from books, away from art, the day erased, the lesson done, 
Thee fully forth emerging, silent, gazing, pondering the themes thou lovest best, 
Night, sleep, death and the stars 

~ Walt Whitman

terça-feira, 25 de junho de 2013

Pela janela vazia o menino olhava a noite nas colinas

Peleg Franklin Brownell, (1857-1946), Homework, c. 1904


A Noite 

Mas a noite ventosa, a noite límpida
que a lembrança somente aflorava, está longe,
é uma lembrança. Perdura uma calma de espanto,
feita também ela de folhas e de nada. Desse tempo
mais distante que as recordações apenas resta
um vago recordar.

As vezes volta à luz do dia,
na imóvel luz dos dias de Verão,
aquele espanto remoto.

Pela janela vazia
o menino olhava a noite nas colinas
frescas e negras, e espantava-se de as ver assim tão juntas:
vaga e límpida imobilidade. Entre a folhagem
que sussurrava na escuridão, apareciam as colinas
onde todas as coisas do dia, as ladeiras
e as árvores e os vinhedos, eram nítidas e mortas
e a vida era outra, de vento, de céu,
e de folhas e de coisa nenhuma.

Às vezes regressa
na imóvel calma do dia a recordação
daquele viver absorto, na luz assombrada.

Cesare Pavese, in 'Trabalhar Cansa'

domingo, 23 de junho de 2013

"Cada momento de luz e escuridão é um milagre"- Walt Wittman


Vou pelo braço da noite,
levando tudo que é meu:
— a dor que os homens me deram,
e a canção que Deus me deu.

Cecília Meireles, in 'Viagem'

sábado, 22 de junho de 2013

David Hannan e Kamal- "Enchanted Worlds"


Featuring amazing under water footage by David Hannan, Kamal created this video to illustrate his track "Enchanted Worlds". hightlight is a stunning sequence with a surreal seahorse that almost looks like CGI created, but is the real, beautiful, living thing.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Catalytic Clothing: um vestido que purifica o ar


Moda sustentável não é feita, apenas, de materiais reutilizados ou pouca quantidade de matéria-prima. Um projeto das Universidades de Sheffield, Arts of London e do London College of Fashion chamado Catalytic Clothing* mostra que também é possível – e altamente benéfico para o meio ambiente e a saúde humana – criar materiais inteligentes e sustentáveis. Foi o que fizeram a designer Helen Storey e o químico Tony Ryan, os dois professores universitários. Eles desenvolveram um tecido que purifica o ar que respiramos. 

A reação química que permite tal proeza vem dos fotocatalisadores, pequenas partículas que são incorporadas no tecido – como um aditivo – durante a sua fabricação. Nas lavagens, eles penetram na superfície da roupa. Quando a luz atinge os fotocatalisadores, seus elétrons reagem com as moléculas de oxigénio da atmosfera, dando origem a radicais livres. Esses radicais, por sua vez, quebram os poluentes do ar em substâncias químicas que não são nocivas à saúde. Quando, então, uma pessoa usar este vestido da foto, batizado de Herself, deixará um rasto de ar puro por onde passar. É pura química! 
Os fotocatalisadores já são usados noutros materiais, como vidro, cimento e tinta, mas é a primeira vez que é aplicado numa peça de roupa. No caso deste vestido, o professor Ryan chegou a declarar que seriam necessárias 10 milhões de pessoas para reduzir cerca de 10 toneladas de poluição numa cidade grande como Londres. A peça ainda não é fabricada em larga escala. Mas caso chegue ao mercado, você acha que usaria para resolver o problema de poluição da sua cidade?
Fonte: Planeta Sustentável

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Curta de Animação- Child

 
animation by Blu ( www.blublu.org ) year 2005
music by Maledetto ( http://www.myspace.com/nihilisme )

Animação fantástica .Também diz algo sobre o consumismo e de certa forma, o canibalismo indirecta ou directamente leva à destruição de nós mesmos como espécie.

terça-feira, 18 de junho de 2013

José Saramago, amigo do meio ambiente- homenagem do 3º aniversário da sua morte

Assinala-se hoje o 3º aniversário da morte de José Saramago.Um dos maiores escritores da língua portuguesa, era também um protector do meio ambiente, com várias acções para preservar a Natureza. Em 2005, por exemplo, lançou “As Intermitências da Morte”, primeiro livro em papel e gráfica com certificação da FSC no Brasil, que representa uma nova maneira socio-ambiental de  gestão florestal. E exactamente na mesma época, Saramago apoiou a campanha de protecção da Amazónia do Greenpeace, que pediu às indústrias para substituírem o papel “normal” pelo reciclado ou o certificado pela FSC. Para este lançamento, Saramago pediu pessoalmente às suas editoras no mundo inteiro que seguissem a maneira ambientalmente correcta de produzir o livro. Por isso este mocho, bufo-real (Bubo bubo) pode voar livremente na sua casa: a floresta. 
Obrigado José Saramago, por tudo!

segunda-feira, 17 de junho de 2013

domingo, 16 de junho de 2013

Todo mundo está feliz aqui na terra



Não interessa o "autarca", o "militar", o "médico", o "polícia", o "professor"...interessa "o mensageiro". Aquele que mais ou menos "conhecido" soube mudar e corrigir e arranjar/deu a solução e trouxe mais segurança a alguém perdido na imensidão do planeta, da cidade, da família e do seu interior. Um dos mensageiros de excelência ainda são os professores, os poetas, os escritores,os actores, os pintores, os ecologistas e os pais. Façamos a parte. Compreendamos as diferenças, os deveres e os direitos de cada profissional.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Documentário da Semana: This is Water ("Isto é Água") por David Foster Wallace, legendado em Português




Em 2005, o autor David Foster Wallace foi convidado a dar uma palestra para uma turma de alunos universitários de Kenyon College. No entanto, o discurso resultante não se tornou amplamente conhecido até 3 anos mais tarde, depois de sua morte trágica. É, sem dúvida, alguns dos melhores conselhos para a vida que já vi, e talvez a explicação mais simples e elegante do valor real da educação.


Nós fizemos este vídeo, construído em torno de uma versão resumida da gravação de áudio original, com a esperança de que a mensagem central do discurso possa chegar a um público mais amplo, que não poderia ter sido de outra forma mais interessante.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

A canção dos 9 pássaros


Os pássaros desta "polifonia" são as seguintes espécies e que vivem nas áreas relatadas: Elf Owl - USA Arizona, Emperor Bird-of-paradise - Papua New Guinea, Magnificent Bird-of-paradise - Indonesia Papua, Magnificent Riflebird - Indonesia Papua, Arctic Loon - Sweden, Mealy Parrot - Brazil, Black-throated Canary - Kenya, Australasian Magpie - Australia, Cape Canary - Kenya~ 

As aves forma gravadas separadamente no ambiente de cada espécie. Então, seu canto ocorre sem ouvir as outras aves que eu usei, o que é mais importante para o canto dos pássaros. De um ponto de vista científico é algo artificial. Mas podemos usá-lo como se pudéssemos ouvir os pássaros estar em diferentes lugares distantes no espaço e no tempo, como uma parte da gravação que ocorre na memória da Terra.

terça-feira, 11 de junho de 2013

Why Conservation Needs Emotion

Dr. Wallace J Nichols, research associate, California Academy of Sciences 


Most humans through most of time have made their living not by a series of carefully calculated rational decisions based on complete knowledge, but through a diverse and highly evolved mix of emotions in response to extremely limited snapshots of the world around them. In the past few decades our understanding of the science behind these emotions has increased exponentially. As a result, professionals ranging from economists to politicians, marketers to film makers, magicians to musicians have joined with cognitive scientists to hone their skills and become better at what they do. Even the Dalai Lama has explored his brain waves. So too must conservationists, environmentalists, and fixers of what's broken nature. If the makers of Super Bowl ads and presidential candidates can use social neuroscience to influence behaviour, so can conservation biologists. An appreciation of the vast cognitive benefits and services provided by healthy ecosystems may help advance more sustainable policies and practices. New research suggest that time spent with nature, in particular near water, significantly reduces stress, accelerates healing, boosts feelings of well-being, enhances creativity, improves cognitive function, increases attention and focus, and may help build new neurons – 'nature neurons'. We are evolved to be at our best outside, in motion, solving problems. Smart application of these findings might increase support for environmental initiatives as a means to reducing health care costs and stimulating productivity and innovation. Is there a more important or urgent application of brain science than the restoration and safeguarding of nature? Is there a surge of feelings quite as divine as those that come from standing on a cliff just above the waves crashing upon the Cornwall coast? 

 Dr Anastasia Steffen, Earthwatch scientist, and adjunct assistant professor, University of New Mexico &Valles Caldera Trust 

I am struck by the universality of people's love of beautiful landscapes. In that moment, the sensations may be expressed in spiritual terms, or as curiosity, or humbleness, or with terms of ownership. We know from our own experience that these vistas give us a chance to ponder our role within something larger, and somehow come away feeling better about ourselves. In these moments, as individuals project themselves out into the natural world and receive an affirming response, they discover a bond they had not previously known or feel a bolstered devotion to place. These moments are powerful openings for education and interpretation. I come at this topic as a public servant in US land stewardship and these moments are the reason I love my job. I have learned that leaders in land management can recognise these moments as opportunities to listen and to mobilise support and partnerships for preservation of resources. The reverse sensations can be equally powerful. In the western United States, we are facing increasing drought, megafires, smoke-filled summers, and sometimes even loss of homes and lives. Potential responses are fear, dread, grief and loss. If we can be prepared to redirect this energy toward the available solutions—recovery, restoration, renewal—then we will make progress not only toward improving the resilience of our forest, but also toward becoming communities facing potential changing patterns of climate, and finding our role within something larger. 

Paul Rose, explorer, TV presenter, Earthwatch ambassador 

There are now over 7 billion of us and for the first time in history we have become a true force of nature. And yet this out of control growth means that most of us live in urban areas. We've never been so far removed from nature whilst at the same time needing it so essentially. It's impossible for us to consider sustainability and global issues such as overpopulation, climate change, water and food security, overfishing and shark finning to name a handy few, unless we have an emotional connection with nature. It's just too big of a leap. I see it all the time. Otherwise smart people, disconnected from nature, who are unable to usefully contribute to a global issue debate because their opinions are solely formed from television, online and the press. But have the same discussions with someone fresh from the wild places and their insightful, meaningful opinions formed alongside nature raise the standards delightfully. It's a breath of fresh air that carries with it the authenticity of a personal and transformative experience in nature. We talk about impact investing, sustainable adaptations to climate change such as Trans-Arctic shipping, the high stakes race that scientists have entered into whereby the planet is changing faster than they can learn about it, and of course the absolutely essential responsibility we have to set the highest possible example to the upcoming generation. There is no time to waste: throw the doors and windows open, grab the barest minimum of equipment and make a run for it. The finest ideas, leadership and solutions are developed when we are in the wild places. Our debate at the Royal Geographical Society on Thursday has to be inside, but I guarantee that there will be no shortage of fresh air and wilderness fuelled opinions. It's going to be emotional!

sábado, 8 de junho de 2013

Crónicas planctónicas- Velella velella (veleiro)

No Dia Mundial dos Oceanos




Velella velella (Linnaeus, 1758) é uma espécie de hidrozoário flutuante pelágico, com distribuição cosmopolita nos oceanos tropicais e subtropicais, sendo a única espécie descrita do género monotípico Velella. Apresenta-se como uma colónia globosa, com aproximadamente 7 cm de diâmetro máximo, de coloração azul e com múltiplos tentáculos curtos na sua face inferior. A colónia é mantida à superfície do oceano por uma câmara de flutuação achatada e translúcida.
Saber mais aqui e aqui

sexta-feira, 7 de junho de 2013

125 anos que nasceu Pessoa- um tributo pouco conhecido

Pessoa- um tributo pouco conhecido, mas que comprova uma vez mais o universalismo pessoano


«Mar Português», Arthur Bliss 

A obra coral que aqui se selecciona é uma criação singular no percurso de Arthur Bliss. Ela não faz parte do reportório standard internacional. Apesar das afinidades, em Portugal, o Grupo Vocal IDEA terá sido um dos seus poucos intérpretes (nos anos 90, este grupo de câmara reunia alguns alunos, ou ex-alunos, da Escola de Música do Conservatório Nacional, sob a direcção de Paulo Brandão – foi aí que conheci esta página coral). Trata-se de uma obra para coro (SATB, a cappella) sobre um dos poemas mais conhecidos de Fernando Pessoa, numa «tradução livre» para língua inglesa, realizada por Alan Goodison.
A obra resultou de uma encomenda do Primeiro-Ministro do Reino Unido, Edward Richard George Heath, para um jantar oferecido em honra do seu homólogo português, Marcelo Caetano, realizado no Royal Naval College, no dia 16 de Julho de 1973. A estreia coube ao grupo vocal St. Margaret’s Singers, sob a direção de Martin Neary. Este acontecimento diplomático celebrava o 600º aniversário da aliança anglo-portuguesa.
Em 1950, a coroa inglesa tinha atribuído a Arthur Bliss o título de Master of the Queen’s Music. Esta fase da sua vida corresponde a uma mais evidente presença de criações para as cerimónias reais e outros acontecimentos diplomáticos – veio a falecer em 1975. Depois de um período marcado pelas vanguardas pós-stravinskianas, Bliss abraça a estética que prolonga a posteridade de Elgar na música britânica. As suas páginas mais conhecidas, resultam da sua criação para o cinema e para o teatro – o filme Things to Come (1943-45) será, talvez, o testemunho mais notável deste labor criativo. As influências coreográficas e cinematográficas trouxeram para a sua música uma grande intensidade dramática, que se exprime no uso colorístico das tensões harmónicas. Na obra que aqui se apresenta, esses recursos estão ao serviço da evocação de uma heroicidade nostálgica, que o compositor britânico descobre no poema de Pessoa. Na perícope poética «O sea» («Ó mar»), que abre e fecha a obra coral, ouve-se o anúncio de uma epopeia. por Alfredo Teixeira

Mais textos e crónicas sobre Fernando Pessoa no Bioterra.

terça-feira, 4 de junho de 2013

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Crepusculário

Amigo 

1. Amigo, toma para ti o que quiseres, 
passeia o teu olhar pelos meus recantos, 
e se assim o desejas, dou-te a alma inteira, 
com suas brancas avenidas e canções. 

2. Amigo - faz com que na tarde se desvaneça 
este inútil e velho desejo de vencer. 

Bebe do meu cântaro se tens sede. 

Amigo - faz com que na tarde se desvaneça 
este desejo de que todas as roseiras 
me pertençam. 

Amigo, 
se tens fome come do meu pão. 

3. Tudo, amigo, o fiz para ti. Tudo isto 
que sem olhares verás na minha casa vazia: 
tudo isto que sobe pelo muros direitos 
- como o meu coração - sempre buscando altura. 

Sorris-te - amigo. Que importa! Ninguém sabe 
entregar nas mãos o que se esconde dentro, 
mas eu dou-te a alma, ânfora de suaves néctares, 
e toda eu ta dou... Menos aquela lembrança... 

... Que na minha herdade vazia aquele amor perdido 
é uma rosa branca que se abre em silêncio... 

Pablo Neruda, "Crepusculário"