sábado, 19 de fevereiro de 2011

Impacto das mudanças climáticas pode ser mais forte na biodiversidade ibérica

As alterações climáticas poderão provocar uma perda generalizada de biodiversidade no sul da Europa, em especial na Península Ibérica, avança uma investigação publicada na revista “Nature”, que envolveu o investigador português Miguel Araújo.
Este estudo, cujo primeiro autor é Wilfried Thuiller, do Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS) de Grenoble (França), foi pioneiro a analisar as consequências das alterações climáticas sobre “a árvore da vida [que representa todas as espécies, das extintas às modernas] na Europa”, em particular nas relações evolutivas entre plantas, aves e mamíferos.
“É a primeira vez que se estudam, de forma combinada, estes três grupos na Europa. E a novidade é o facto de se estudarem as consequências desses impactos climáticos na árvore da vida de cada um desses grupos”, realçou  Miguel Bastos Araújo. 

As previsões mostram que o sul do continente europeu será o “mais afectado pelas alterações climáticas” e onde se poderá registar “uma perda generalizada” de diversidade biológica, que se forma a partir do balanço entre extinções e a produção de novas espécies.

De acordo com o especialista português, nas regiões mediterrâneas  a biodiversidade “é mais vulnerável”, visto que estas zonas estão expostas a alterações climáticas acentuadas e possuem “maior diversidade filogenética”, ou seja, “maior quantidade de informação evolutiva independente”.

O estudo mostrou que a Península Ibérica será uma das regiões mais afectadas, pois as previsões indicam que as distribuições das espécies poderão sofrer "contracções importantes" e que estas tendem a deslocar-se para "norte ou para altitudes mais elevadas”.Em casos “extremos”, é mesmo possível que “algumas espécies se extingam”, avançou o títular da cátedra Rui Nabeiro / Delta em Biodiversidade, da Universidade de Évora.

Reconstrução das relações evolutivas

No estudo, os investigadores reconstruíram as relações evolutivas de um grande número de espécies de plantas, aves e mamíferos, avaliando o risco de extinção de cada uma perante diferentes cenários de alterações climáticas. Depois, compararam os efeitos induzidos por alterações climáticas com cenários aleatórios de extinção.

A investigação, referem os autores, não permite ilações sobre a magnitude das extinções induzidas pelas alterações climáticas, mas revela que “produzem impactos que poderão afetar todos os ramos da árvore da vida”. A juntar a estes, estão outros de origem humana que contribuem para amplificar a actual crise da biodiversidade.

“Ao afectar espécies diferentes das já ameaçadas por factores humanos, as alterações climáticas poderiam ter um efeito aditivo sobre as extinções, o que alteraria por completo as contas actuais sobre este risco”, frisou Miguel Bastos Araújo. (fonte: Ciência Hoje)

Créditos Fotográficos da minha Amiga Ana Ribeiro Santos

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