terça-feira, 15 de março de 2005

O lucro para poucos, o desemprego para muitos milhões e a exclusão socioambiental

Hoje porque é 15 de Março - Dia Mundial dos Direitos do Consumidor

É urgente praticarmos um consumo mais responsável e exigirmos aos governantes uma gestão eficiente dos recursos naturais!

É urgente a coesão social: legalização e integração dos imigrantes, protecção dos excluídos, vigilância do cumprimento dos Direitos da Criança e do Homem.

É urgente uma dinâmica socioambiental mais eficaz: reforço do papel das ONG e movimentos cívicos; políticas ambientais tranversais; vigilância de várias Convenções de Conservação da Natureza e de Urbanismo; protecção dos Direitos dos Animais; vigilância do consumismo e acordos internacionais; vigilância do cumprimento da Agenda 21 e da Carta da Terra.

É urgente o amor!

Selecção de textos:

1.Excerto do artigo de José Manuel Barata-Feyo, sob o título O Concerto do Lucro, publicado na Grande Reportagem, revista que acompanha o Jornal de Notícias e o Diáro de Notícias de 12 de Março de 2005

Neste período de apresentação de resultados, os números estão aí, vindos dos dois lados do Atlântico, a somar-se aos divulgados em Portugal. Exemplos concretos? O Citigroup anunciou um lucro recorde de 17 mil milhões de dólares em 2004; no mesmo período a Renault chegou aos 3,55 mil milhões de euros; e só no último trimestre de 2004, a petrolífera Móbil ganhou 8,4 mil milhões de dólares.

A lista abrange a maioria das empresas cotadas em bolsa nos países industrializados, e os números são tão absurdamente enormes que escapam ao entendimento do comum dos mortais.

Apesar da crise apregoada, as empresas portuguesas participam activamente no concerto do lucro. Os supermercados declaram resultados líquidos que ultrapassam de longe os do ano anterior, os CTT pura e simplesmente duplicam os lucros, e os benefícios da EDP e dos bancos explodem para cima. Por seu turno, a Portugal Telecom, cujos lucros foram, em 2004, mais do dobro de 2003, vai gastar 250 milhões de euros para abater mil postos de trabalho, segundo noticia o Público.

Por todo o lado, a constante é a mesma, indecente e perversa: os lucros crescem ao mesmo ritmo que aumenta o desemprego.
(...)

Fonte: Expresso de 14 de Março 2005

2.Portugal com mais pobres . Número tende a aumentar

Portugal tem, pelo menos, dois milhões de pobres, mas o economista Rogério Roque Amaro admite que este total possa ter aumentado nos últimos anos, razão porque defende a adopção de soluções que respondam aos diferentes tipos de pobreza.
No IV Congresso da Associação Cais Economia para Todos, que se realiza hoje e terça-feira na Fundação Luso-Americana em Lisboa, Rogério Roque Amaro realçou a diversidade da pobreza, que se tem agravado nos últimos anos.
De acordo com o economista, actualmente a pobreza atinge com mais incidência os idosos com pensões baixas, os desempregados de longa duração e recorrentes, as famílias monoparentais, as minorias étnicas e os pequenos agricultores.
Rogério Roque Amaro referiu-se também à exclusão social em que vivem os idosos em geral, não só os que possuem pensões baixas, os filhos de pais viciados em trabalho, os reclusos, os toxicodependentes, as minorias étnicas e os sem-abrigo.
Para minorar os problemas da pobreza e exclusão social, o economista defendeu políticas diferenciadas consoante o território e os grupos sociais.
Defendeu igualmente uma combinação de políticas sociais e económicas para atacar a pobreza e a exclusão social, lembrando que as políticas não podem mudar conforme o ciclo político.
No entender do presidente da Associação Cais, Pedro Pais de Almeida, quanto mais o país se vai desenvolvendo, maior é o fosso entre os pobres e excluídos e a restante população.
Além da revista «Cais», vendida pelos sem-abrigo, a Associação está a desenvolver o projecto «Ponte Digital», que consiste na possibilidade de a população alvo aceder às tecnologias de informação, para que se sinta menos excluída e possa ter acesso a um emprego.
Também no Congresso, o Presidente da República, Jorge Sampaio, questionou o destino dos fundos estruturais que Portugal foi recebendo desde que integrou a União Europeia.
Porque não há portugueses dispensáveis, o chefe de Estado pediu uma maior ligação das associações que lidam com a pobreza e excluídos sociais.

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